terça-feira, dezembro 27, 2011

Pérolas Musicais de Aljezur

ADÉLIA ROSADO

Que pena não ter conseguido uma fotografia da prima Adélia Rosado, para ilustrar a sua voz que algumas vezes me embalou e que foi várias vezes recolhida por etnólogos.

Em sua memória aqui fica o seu registo finíssimo incluido nas recolhas de Michel Giacometti, e que veio influenciar tantas versões do mesmo romance por vários grupos e cantores, desde a Brigada Vítor Jara, Ronda dos Quatro Caminhos, Navegante e Eduardo Ramos, que lhe acentuou o sabor árabe e medieval.

Trata-se do Romance de Dona Mariana, também conhecido como de Dona Galaçua e de  Carlos de Montealbar.

Para ouvir com a atenção que merece, clique e dê um tempo

http://www.youtube.com/watch?v=KFZ9FZIlvjY

domingo, dezembro 04, 2011

A Magia da Paisagem

...pelos olhos de José Furtado Júnior


Muito pouco têm os media dedicado ao concelho de Aljezur, nem por bem nem por mal, não obstante os ilustres filhos da terra que, sobretudo no século passado, este cantinho deram à estampa em prosas e rimas várias.
Revolvendo coisas antigas lá em casa, passaram-me debaixo dos olhos uns recortes do Jornal do Algarve dos idos sessenta, onde um dos Furtados subscrevia uma apresentação romântico-etno-geográfica, a propósito da suposta visita de um forasteiro alentejano. Viagem que em três jornadas (e em três jornais), cobre a orla que vai desde a Praia da Amoreira até à impressionante e majestosa falésia de Martim Joanes.
Aqui ficam, in memoriam e com a devida vénia ao Sr. José Furtado Júnior, a digitalização dos recortes seguida da respectiva transcrição.




Gratas recordações dum encontro amigável
A Magia Eterna da Paisagem do Algarve
I
Há dias, vindo o signatário de calcorrear os seis quilómetros de estrada que separam a vila de Aljezur do Monte onde reside, foi alcançado por um automóvel que parou junto de si. O seu dono e único ocupante, numa atitude de franqueza, ofereceu-nos boleia que, pela espontaneidade patenteada, aceitámos com agrado, mas porque ambos fomos discretos, no cumprimento usual ocultámos os nossos nomes. Somente me disse o aludido senhor que era alentejano, e isto foi suficiente para iniciarmos conversa como velhos conhecidos, tanto mais que, ido ali pela primeira vez, manifestou prazer por encontrar quem lhe falasse das particularidades do ambiente, ficando eu satisfeito por me ser dada a oportunidade de dizer algo sobre o que cá temos de admirável e até agora pouco conhecido.
Com o carro em andamento moderado, chamei a atenção do meu recém-amigo para os vários panoramas que se divisam da estrada, que segue pelo alto dos montes, tendo a nascente e como pano-de-fundo a majestosa Fóia. Em frente o mar – esse divino Atlântico – sempre belo nestas paragens, além do mais pela própria cor cerúlea de perfeita limpidez.
Causou-lhe particular encanto a surpresa dum verdejante vale – os Salgados – prolongamento da ubérrima várzea de Aljezur, situado numa baixada onde se estão a desenvolver lucrativos milheirais e onde se cultivam, também em larga escala, o arroz, feijão, etc. Corre por ele em caprichosas sinuosidades a ribeira de Aljezur, cujas águas, em aparente quietude, se afiguram nesta época estival a um ofídio monstruoso, de cor limosa, apático pela existência de milénios…
Continuando a marcha devagar, entrámos nos médãos que antecedem a costa e como tudo agradou ao senhor alentejano, emitiu a opinião de que esta zona se presta maravilhosamente para uma larga exploração turística, não lhe faltando curiosos atractivos, tais como a vastidão do horizonte, abrangendo terra e mar; a quase planificação das dunas, permitindo, facilmente, construções de qualquer género, mas onde ficaria muito bem uma povoação tipicamente algarvia, como alguém, que bem conhece o turismo, aqui nos insinuou; dois pinhais-refrigérios sempre desejados para parques de recreio; água potável, elemento imprescindível para as numerosíssimas necessidades da vida; marginação com rio (designação dada à ribeira de Aljezur desde a foz até onde chega o fluxo das marés) abundante de peixe e onde se passearia de barco, depois de dragado como merece, neste sossego paradisíaco, único na costa ocidental do Algarve! Ao lado, contrastando a vista, existem grutas milenárias de austera aparência que o tempo não desfez.
Chegada a hora de retirar, despedimo-nos “até qualquer dia”, pois o senhor alentejano, já meu amigo, satisfeito com o que observara, prometeu voltar para ver mais e melhor.
Eu fiquei ao seu dispor para o acompanhar e levá-lo a diversos locais para apreciar toda a gama de belezas que a Natureza “intimamente” guarda aqui, por enquanto virgem da acção do homem que muito pode fazer em seu benefício, tornando esta ignorada costa num magnífico centro de turismo, aproveitando em larga medida os seus recursos naturais.

Monte Clérigo
José Furtado Júnior
(Publicado no Jornal do Algarve de 29JUL1967)




II
Cumprindo a promessa antes feita, breve regressou o senhor alentejano no seu trepador “Cortina”, muito satisfeito por irmos dar mais um passeio por esta ignoradas paragens, agora à beira-mar e num dia de agradável amenidade.
Deixando o carro no parque da praia do Monte Clérigo, fomos andando pela orla até à praia da Amoreira, passando junto de pescadores que, pelo propício estado do mar, tinham todos abundante pesca. Os pesqueiros situam-se no alto das arribas, o que causou admiração e susto, ao homem do interior, impressão que se desfez quando viu um sargo anzolado (coisa que nunca vira) bonito peixe desta saborosa espécie.
Ao chegarmos à praia, ampla, de areia finíssima (por aqui são todas assim) e cheia de sol, levei-o à “furna das gralhas”, grande caverna em contacto permanente com o mar, cujo marulhar, ecoando no espaçoso vão, com escassa luz, nele produziu tal admiração pelo ineditismo que, por uns momentos, perdeu a habitual comunicabilidade! De facto, aquele ambiente de severidade impressionante, leva-nos a pensar que somos pequenos ante a sua grandeza.
- Sim, senhor – disse o meu amigo com pasmo – vale a pena vir aqui, só para ver isto!
Na praia do Monte Clérigo, notou o senhor alentejano uma ondulação um tanto viva, de certo modo imprópria para tomar banhos. Objectei-lhe que aqui toma banhos quem quer e sem perigo, estes mais salutares pela constante vivacidade das águas, transmissoras de propriedades energéticas – o que mais se deseja dos banhos salinos - porquanto este poderoso elemento é, nesta costa, mar-mar e não mar-lago, como se vê noutras. Contudo, se algum dia isto se desenvolver como se espera, temos adjacente à praia, mas metido à terra, grande cavidade de forma ovóide, que bem se presta para magnífica piscina, embelezada com o que, na actualidade, se prepara para variadas recreações.
Também me falou da frescura atmosférica, diferente da que sentiu noutras praias. Confirmei, mas acrescentei que os ventos dominantes são, aqui, do norte e do noroeste e raramente temos do sul e do sueste, desagradáveis para nós. Mas quando alguma vez chegam aqui, surge a nossa viração que, “importunada”, sopra os “intrusos” com persistência, fazendo-os recuar para as suas proveniências transmitindo-nos, imediatamente, a sua consoladora frescura.
Sempre atento ao que via e às minhas sinceras explicações, subimos da praia para o medo, ao lado dumas engraçadas vivendas. Seguindo na direcção do sul, andámos e parámos de vez em quando para admirarmos a vista soberba sobre o mar, livre de impedimentos, duma luminosidade excepcional e em concordância falámos do que seria isto um dia se o dinheiro e o bom-gosto aqui chegassem! Não cabe aqui dizer! Perguntou-me a extensão aproximada desta faixa, desde a praia da Amoreira até ao fim da propriedade do Monte Clérigo, passando pela praia deste nome. Respondi que seriam, grosso modo, três quilómetros e a superfície de interesse turístico de cerca de trezentos hectares.
- Que lindo, que maravilha tudo isto – disse entusiasmado!
Como a tarde ia a findar, demos o passeio por terminado, ficando para terceiro e último a visita a outros sítios, igualmente encantadores. E lá partiu, o visitante, até outro fim-de-semana.


Monte Clérigo
José Furtado Júnior
(Publicado no Jornal do Algarve de 05AGO1967)



III
Conservando a curiosidade manifestada no nosso primeiro encontro, voltou o nosso bom amigo alentejano para concluirmos as visitas a esta zona privilegiada no seu dizer bem sincero.
Assim, lá fomos até ao ponto donde retrocedemos na última semana. Agora, aproveitando a maré-baixa, descemos, aos laredos (rochas desareadas) onde abundam mariscos – perceves, mexilhões, etc. – e o alentejano, das charnecas sem fim, via tudo com entusiasmo crescente! Nem escaparam à sua penetrante observação os soberbos alcantis, de autêntica rocha, de cor azulada, com desenhos admiráveis em camadas sobrepostas.
Andando lentamente para apreciar melhor, chegámos à Parede, sítio de céu aberto, tão admirável como a Furna das Gralhas. Aqui, a solidão é impressionante, acrescida do movimento das águas apertadas entre os rochedos.
O meu amigo, viu imediatamente um lugar propício para inspiração de poetas de temperamento anacorético, cujas obras, adequadas à imponência do conjunto seriam, na verdade, dignas do mais elevado apreço.
Indiquei-lhe e gostou de ver no cocuruto duma alta penedia um ninho de cegonha, pacífica ave e única habitante deste singular retiro, causando-lhe certa espécie de emulação instintiva a tranquilidade em que este animal aqui vive.
Depois de refeitos da caminhada, continuámos até à praia da Arrifana, ou da Fortaleza.
Esta, de características diferentes das anteriores, tem a vantagem de se prestar para a pesca, abrigada como está pela Ponta da Atalaia.
Aqui, esta indústria  processa-se, principalmente, sobre espécies graúdas e também a lagosta em larga escala. Para o efeito residem alguns pescadores cuja faina atinge, no Verão, acentuado movimento, resultando exportações valiosas.
Descendo para a praia encontrámos, casualmente, um pescador, meu conhecido e amigo que, de regresso ao seu barco, ia tratar duma caldeirada para o pessoal.
Imediatamente nos convidou para irmos comparticipar, amabilidade que agradeci com alegria, mais por proporcionar ao meu companheiro o prazer duma refeição abordo, que bem longe estava desta novidade. Lá fomos na chata até à lagosteira, onde a companha se empregava nos aprestos para a pesca nocturna. Deu-se início à caldeirada constituída por seis espécies, conjunto magnífico e bem condimentado que a tornou maravilhosamente sápida para o paladar mais exigente. Foi regada com vinho regional, especialidade que desconhecia e eu muito lhe agradou, gabando tudo merecidamente. A seguir, o meu amigo, proprietário do barco, teve a gentileza de nos oferecer um passeio pela baía, contornando a notável Pedra da Agulha, curiosíssimo fenómeno geológico perfilado eternamente, seguindo até defronte da alta falésia de Martim Joanes, cuja verticalidade de 100 metros muito o impressionou.
Retrocedemos para o ancoradouro vendo, por fim, o “viveiro” das lagostas, tudo ineditismos que o encantaram. Chegados a terra, o senhor alentejano certificou todas as boas impressões que colheu nesta digressão, confessou-se plenamente satisfeito e firmou que jamais pensara que nestes ignotos lugares existissem quadros naturais de tão exuberante admiração, dignos de serem mais conhecidos e propagados a bem do turismo!
E com gratas recordações como se diz na epígrafe, despedimo-nos com um abraço fraternal e mútuos desejos de repetidos encontros.

Monte Clérigo
José Furtado Júnior
(Publicado no Jornal do Algarve de 05AGO1967)

sexta-feira, setembro 16, 2011

Galeria de Aljezurenses

São coisas da Feira das Feiras, a dos Livros. Os olhos atentos perscrutam montras e prateleiras em busca de novidades ou de qualquer destaque, seja um cartaz, um nome, o livro do dia ou uma capa mais colorida.




Neste caso, o que teria sido?! A capa? Não, cores mornas; Um número? 200; ou o exercício mental de, perante aquele número, querer saber que 200 eram aqueles? 200 Algarvios;
as fotografias da capa? De fraco contraste mas algo familiares (a do Monsenhor Pardal).
Ingredientes agitados, prontos a usar: um “Who’s Who?” à portuguesa, ou melhor dizendo, à algarvia.
 
Já conhecia a Dra. Glória Maria Marreiros do seu ”Este Algarve, outro”, mas não o seu investimento na compilação destes 200 Algarvios que honraram a província e a elevaram para além das serranias.

A Dra. Glória selecionou para Aljezur quatro individualidades que se distinguiram em campos distintos e por razões várias, mas que se conjugaram na geração deste orgulho que é o de, pelo menos, partilharmos a sua terra de origem.








O livro contém as resumidas biografias destas quatro figuras, memórias vivas em alguns de nós. São eles:




Eng. Acácio de Calazans Duarte

(15/02/1889 – 31/05/1970
 em Marinha Grande)





Monsenhor Manuel Francisco Pardal

(27/12/1896 - 03/04/1979)







Calígrafa D. Zulmira da Costa Correia

(04/01/1912 – 23/12/1992)



Pintor José Rodrigues Cercas

(01/04/1914 – 05/12/1992)

















Apelo
Deixo aqui um convite a todos os leitores destas linhas: por favor enviem os vossos contributos (todos) para a criação da Galeria dos Aljezurenses que dalguma forma se destacaram.

segunda-feira, maio 02, 2011

Percebeiros (antigos e modernos)

Aqui fica o registo (alheio) com as lembranças do Moreira.
Dos antigos estão lá ele próprio, o João Serrote e o Arnaldo Claro, tanto quanto me foi possível identificar.
A actividade é a tal...

A autoria é de João Vagos (tiro o chapéu!) que no YouTube deixa o seguinte comentário:

"Olá amigos. Este foi um projecto piloto que nunca conseguimos financiamento para seguir em frente. Se alguém conhecer um produtor interessado em financiar este projecto, agradeço o contacto. Abraço. João Vagos."  (jvagos00)

domingo, abril 17, 2011

O Brasão de Aljezur


Retomando “Aljezur, Terra Mimosa” transcrevo o texto de Manuel Garcia sobre as armas da vila:

“Sendo Aljezur uma das sete vilas acasteladas (1), conquistadas ao Algarve por D. Paio Peres Correia, há 695 anos (2), até há bem pouco tempo não tinha brazão definido.
As sete vilas: Estombar, Paderne, Aljezur, Albufeira, Cacela, Sagres e Castro Marim, são os sete castelos que figuram no brazão de Portugal (1) e, realmente, era para estranhar que Aljezur ainda não tivesse, também, o seu brazão. A Portaria Nº 8:362 de 17 de Fevereiro de 1936, veio suprimir essa falta e define-o assim:

Bandeira: de Azul, cordões e borlas de prata e de azul, haste e lança dourada.


Armas: de prata com uma torre torreada mourisca de vermelho, aberta e iluminada de azul sobre um terrado de negro cortado por três faixas ondadas, duas de prata e uma de verde. O torreado, acompanhado em chefe por uma cabeça de carnação branca coroada de ouro e por uma cabeça de carnação negra com turbante de prata. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com os dizeres: “Vila de Aljezur”, de negro.

1)      1) Lembro que o livro foi publicado em 1938;
2)      2) Alusão aos setes castelos que integram o escudo nacional e que representam a unidade nacional conseguida com a conquista do Algarve. Aparecem pela primeira vez na bandeira de D. Afonso III, em 1248, e o seu número era variável, inicialmente de 16, passou a 7 apenas com D. João II, 240 anos mais tarde.

domingo, março 20, 2011

Turismo - Guia de Portugal

Viajar, nos dias de hoje, não representa qualquer dificuldade para a maioria dos classemedianos portugueses, mas tempos houve em que viajar era um privilégio de muito poucos.
Raul Proença teve esse privilégio e, esse privilégio foi-nos transmitido por podermos aceder ao seu Guia de Portugal, obra em que o mestre socialista e republicano publicou com as suas notas de viagens e estudos históricos e geográficos que fizeram desta obra um verdadeiro guia turístico. A primeira edição da Biblioteca Nacional de Lisboa, saiu em 1927.
 
Como curiosidade, deixo aqui em excerto as poucas linhas dedicadas a Aljezur a pp. 309:


"Aljezur, vila pequena e pobre, com 4160 hab., sede de conc. (Hosp. Margarida Pardal, Maria Matos; dia fer. 29 de Agosto), tomada aos Mouros por D. Paio Peres Correia no reinado de D. Afonso III. D. Dinis deu-lhe foral em 1280, que D. Manuel renovou em 1504. Fica na encosta E. dum escarpado cerro, em cuja base passa a ribeira de Odesseixe (deve ser a ribeira de Aljezur).  Do castelo mourisco apenas se conservam hoje algumas ruínas, na parte mais elevada da colina, ao S. Aljezur é tida como o sítio mais insalubre do Algarve (febres intermitentes).
A 6 km. de Aljezur as praias do Monte Clérigo e da Pipa; a 7 km. a da Arrifana, ou da Fortaleza."

E algumas páginas mais adiante (pp. 320):

"Ao N. da Ponta da Carrapateira estende-se a vasta praia desse nome. "Passada a praia, eleva-se outra vez a terra até a Arrifana. A enseada da Arrifana fica entre duas pontas: ao N. a da Arrifana; perto da ponta S. a Pedra da Anixa. Ao N. da Ponta da Arrifana a foz da ribeira de Aljezur, e ainda a N. a de Odesseixe. A costa é por ali tão alcantilada e o mar tão encapelado que nem os pescadores lhe podem chegar. Os pobres habitantes destes sítios, com muito risco de vida, pescam algum peixe para seu mesquinho sustento e apanham os perseves que por estas rochas desde o cabo se criam. Nestas também se encontram grandes mexilhões. Há grandes furnas por esta costa."

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Aljezur, Terra Mimosa - 3



O “Aljezur, Terra Mimosa” não é apenas um livro de poemas. Canta hinos a Aljezur mas também a exalta em extensa prosa descritiva. Em rodapé da capa dá o grupo editor e autor a explicação de que a obra se trata duma “Monografia Regional” e são de rica prosa as cerca de 25 primeiras páginas. Desta primeira parte extraí as palavras que se seguem:

“A VELHA ALJEZUR

Esta antiga vila dos sarracenos, quási nas faldas da serra de Monchique e muito próxima do litoral do Barlavento algarvio, foi outrora uma das vilas mais importantes do sul do país — segundo dizem as crónicas do passado — nos primeiros anos após a conquista do algarve pelo mestre da Ordem de Santiago. Depois, começou a decair e a ser esquecida dos poderes públicos e a viver só com os seus recursos próprios, sem um olhar de protecção, sem um auxílio que fosse animar a vida dum povo humilde, honesto e trabalhador, que tem vivido no seu isolamento por culpa dos homens!”

Relembro que o livro foi editado em 1938.
Na altura já este destino aljezurense se cumpria, e não houve ferradura de três furos nem corno retorcido que tivesse aliviado o embruxo que castigou esta terra durante décadas.
Hoje são os seus recursos naturais que atraem visitantes e que a ajudam a emergir dessa noite escura que a empobreceu. Mas, ainda assim…

quinta-feira, janeiro 13, 2011

A Banda de Música de Aljezur


Tará Tá Tchim! Pom! Pom! Ói malta do Barlavento!

E que tal este belo momento músico-pictórico que registou para a posteridade uma sociedade aljezurense culturalmente participativa!

Quem se lembra de alguns deles?


Dos que estão de pé, da esquerda para a direita, temos em 2º um dos Arsénio (António ou Adelino?), a seguir o António Batista, em 5º o Joaquim Costa (?), (o carreiro da mula manca!), em 9º o Lázaro, em 11º o Valentim Cardeira; na fila dos sentados, em 3º lugar o mestre Pedro Afonso, o eterno homem do bombo e coveiro (o maior homem da vila que media as covas pelo seu próprio tamanho!), depois parece-me o César Laranjo (?) (da moagem) e o menino em camisa é o Fredrico Furtado Jr. (da farmácia), dois a seguir é o Zé Claro.
Eh pá, já se me esgotou a memória; além disso, não sou assim tão antigo...