sábado, agosto 19, 2017

O Marciano partiu...




Deixou-nos ontem, 18 de Agosto de 2017, o Aljezurense Marciano Martins da Silveira, a escassas semanas de cumprir os 93 anos.

Como muitos patrícios, deixou Aljezur muito jovem para seguir a Marinha, onde percorrendo a tarimba, atingiu o posto de 1º Tenente.

Na família dos Martins da Silveira ocupava o lugar de “o mais velho”, assumindo sempre a “função” de bem dispor toda a companhia.

Foi um homem íntegro, esposo, pai, avô, tio e primo dedicado. Era um homem de família. O repositório da nossa história.

Há tão pouco tempo que partiu e a saudade já é grande.

Que repouse em paz. Estará sempre nos nossos corações.

Até qualquer dia… meu tio, sempre como se fora meu pai.

sexta-feira, agosto 11, 2017

Memória da Quinta-feira de Ascensão



Mas afinal quando é a Quinta-feira da Espiga? A menina Guida já explicou na Doutrina que é 40 dias depois da Páscoa, comemorando a altura em Deus Nosso Senhor subiu aos Céus. Mas a menina Idalina, que dá a Doutrina ao grupo das mecinhas, disse que não são bem os 40 dias, mas sim catorze semanas a partir da Páscoa. A Senhora Marquinhas, que é quem manda na Doutrina, é que sabe. E ela diz que o que vem na Bíblia são os 40 dias.

­ - Ê cá na sê bem! O qu’ê sê é que amanhão vamos ó campo apanhar os raminhos de espigas.

Combinei com os amigos Carsalberto e João irmos dar a volta no intervalo do almoço da escola, qu’é quando tudo pára por causa de ser o “dia da hora”. Vamos começar pela Barrada com o trigo, donde se faz o pão, e as papoilas que estão no meio do trigo e são da cor do coração. Descemos à horta do Ti Saroidinho pr’ós raminhos de oliveira, para não faltar o azête. Junto à vala, na várzea, apanhamos os malmequerzinhos amarelos que, diz a minha tia, é p’ra não faltar o dinheiro. No mê quintal vamos apanhar as folhas da minha parrêra que, diz o mê pai, é p’ra não faltar o vinho.

‑ Atão e os bocadinhos de rasmono? – Intervém o Casalberto. ‑ Temos de dar um salto lá por trás, ao pé da Fonte das Mentiras ou no caminho do Vale Palhêro. Lá é que há, qu’ê sê! É por lá que o vão apanhar p’rá fogueira do Sant’António. Ouvi-os a combinarem.

‑ E se eles já o foram apanhar para pôr a secar ao pé do mastro? Se calhar podemos ir roubar uns bocadinhos, qu’é pr’ó ramo cheirar bem! – Era o João a querer poupar a caminhada.

‑ Tás mas é parvo! Levavas logo qu’era p’ra aprenderes!

‑ Quantos raminhos vão fazer? Ê cá preciso de dois: um p’rá minha mãe e outro p’rá minha tia. Qu’é p’ra porem atrás da porta e trocarem pelos velhos qu’inda lá tão!

‑ A gente já na tem nenhum. – Lamentou o João. ‑ Nã sê que jêtes, mas a minha avó queimou-o pr’á Santa Bárbara quando vieram as travoadas.

‑ Atão já sabem, amanhã na hora do almoço…