sexta-feira, maio 07, 2021

6. ALJEZUR NA GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA EM 1936

 

por CarlNasc




Já em 1936 a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira dá uma informação muito mais completa do que o Guia de Portugal, nove anos antes, e inclui um mapa do concelho e até uma fotografia panorâmica da vila, tirada da estrada na proximidade da Quinta de S. Sebastião (Casa Cintra).

Começa com uma descrição administrativa, com o número de habitantes (6.661 no total, sendo 4.424 na vila), e passa às características geográfico-histórico-turístico-paisagísticas. Aí refere três magníficas praias: “a do Monte Clérigo, notável pelos variados e imponentes recortes da costa, especialmente a Ponta da Rocha e o Penduradoiro; a da Pipa, praia pequena mas onde abunda água potável, aconselhada para doentes do estômago; e a da Arrifana, em cuja baía, de grande beleza, se encontra a Pedra da Agulha, rochedo limado pelo mar que lembra o objecto de que tirou o nome”.

Refere a tentativa do bispo do Algarve D. Francisco Gomes de Avelar de obstar à insalubridade da vila, pretendendo mudá-la para um sítio “mais arejado”, e que mandou construir (às suas custas) uma igreja e algumas casas para o padre, sacristão e outros ajudas.

Os elementos históricos descritos são os habituais, e que ainda se mantêm sem contestação: a fundação árabe, a conquista por D. Paio Peres Correia na madrugada de 24 de Junho de 1246, a ruína do castelo pelo terramoto de 1755, e os forais de D. Dinis e de D. Manuel.

Curiosamente, informa da existência de três minas de cobre na freguesia mãe, uma no Cerro do Rossio, outra no Cerro da Amendoeirinha e outra ainda no Cerro do Penedo.

Sobre a etimologia de Aljezur, evoca o Prof. David Lopes que defende “derivar da palavra árabe Aljçur, plural de Aljiçr que significa Alcântara, a ponte”, referindo também os registos em documentos oficiais de 1267, onde consta a forma Aliaçur, e noutros de 1272, as formas de Aliazur, dando Aljezur.

O texto desta enciclopédia termina com a descrição heráldica das armas, da bandeira e do selo, conforme o parecer da Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e está definido na portaria nº 8.362 de 17 de Fevereiro de 1936.

É curioso o artigo indicar na Bibliografia o Guia de Portugal de Raúl Proença 1936 que referimos no nosso anterior texto.

A mesma Enciclopédia, numa nova entrada do mesmo termo, oferece-nos esta curiosidade nobiliárquica:

1º Visconde de Aljezur, Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, nasceu no Brasil em 1820, e desposou a senhora D. Maria Rita de Noronha. O rei D. Pedro V concedeu à dita senhora o título de 1ª Viscondessa de Aljezur em 1858 e autorizou o seu marido a usar o referido título. Este título e autorização foram confirmados no Brasil por sua Majestade Imperial. O casal não teve descendência e o título deixou de ser referenciado.

 

FEV2021 por CarlNasc

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