terça-feira, março 12, 2024

Para Além das Imagens - 6

 

Ponte-Pedra ou Ponte-de-Pedra?



O autor com o primo, companheiros de sempre, em 1958



A fotografia no site da CMA

A fotografia é do tempo em que a Ponte-Pedra era apenas uma ponte, e (ainda) não um monumento. Uma estrutura, “bela”, mais por ser “útil” do que pelo seu traçado arquitectónico dispensando a supervisão do engenheiro Edgar Cardoso. De utilidade indubitável, senão, como é que ali se atravessaria a ribeira, se o vau trouxesse caudal acrescentado pelas águas do Areeiro. Do Areeiro, naturalmente, vêm as areias e ali se forma a prainha aproveitada pela rapaziada depois dos mergulhos nos pegos que se formavam junto às paredes de suporte da própria ponte; isto porque as areias salgadas da Amoreira e do Monte Clérigo não passavam do rio para a ribeira.

Depois, mas sem data, a Ponte-Pedra passou a monumento, incluída no SIPA como Monumento Nacional identificado com o número 34914, referenciada como tendo sido construída na “Idade Média”. São surpresas!

Procura Carlos, procura, e encontrarás outras surpresas.

A Câmara Municipal publica na sua página da internet um Boletim onde descreve um Circuito Histórico-Cultural e Ambiental que inclui o dito monumento (ver em:

cms.cm-aljezur.pt//upload_files/client_id_2/website_id_1/Publicacoes/circuito_historico-cultural_Aljezur.pdf).

Transcrevo do SITA o “Enquadramento”:

Rural, fluvial, isolado, a N. da urbe, na confluência da Ribeira de Aljezur com a Ribeira do Areeiro, perto da atual ponte rodoviária e do Parque das Merendas. Próximo localiza-se o Lugar do Serradinho onde se encontra os vestígios do Escama-Peixe e represa do Moinho do Serradinho (v. ). Na envolvente predominam os canaviais, o Salgueiro (Salix), o Choupo e o Amieiro, proporcionando habitat a variada fauna e avifauna, com destaque para a Lontra (Lutra lutra) (cuja população é a única em Portugal e uma das poucas da Europa a deslocar-se à costa marítima para se alimentar), o Cágado-de-carapaça-estriada e a Garça-vermelha (Ardea purpúrea).

E, caros leitores, do Moinho do Serradinho, da sua represa e do Escama-Peixe, nem indicação nem sinal! O Moinho, será sempre o Moinho d’Água onde morava o meu amigo e companheiro de escola e brincadeiras Zé do Moinho, e a represa, qual represa? Será que se referem ao Açude? E o tal de Escama-Peixe, novidade nunca “ouvista” (ouvida/vista)?

É correcto que a CMA divulgue o seu património arquitectónico e tente cativar os locais e os forasteiros para o conhecerem. Neste caso há uma pequena descrição da Ponte-Pedra, acompanhada duma fotografia a cores onde a mesma não se consegue vislumbrar, tal é o matagal que a circunda.

Senhora Câmara, faltam o tempo e as pessoas para tanto que fazer, não é? Mas se é para divulgar, pois que se divulgue mas… esclarecidamente.

 

 

Carlos eNe

Praia de Buarcos, Setembro 2023

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