Viajar, nos dias de hoje, não representa qualquer dificuldade para a maioria dos classemedianos portugueses, mas tempos houve em que viajar era um privilégio de muito poucos.
Raul Proença teve esse privilégio e, esse privilégio foi-nos transmitido por podermos aceder ao seu Guia de Portugal, obra em que o mestre socialista e republicano publicou com as suas notas de viagens e estudos históricos e geográficos que fizeram desta obra um verdadeiro guia turístico. A primeira edição da Biblioteca Nacional de Lisboa, saiu em 1927.
Como curiosidade, deixo aqui em excerto as poucas linhas dedicadas a Aljezur a pp. 309:
"Aljezur, vila pequena e pobre, com 4160 hab., sede de conc. (Hosp. Margarida Pardal, Maria Matos; dia fer. 29 de Agosto), tomada aos Mouros por D. Paio Peres Correia no reinado de D. Afonso III. D. Dinis deu-lhe foral em 1280, que D. Manuel renovou em 1504. Fica na encosta E. dum escarpado cerro, em cuja base passa a ribeira de Odesseixe (deve ser a ribeira de Aljezur). Do castelo mourisco apenas se conservam hoje algumas ruínas, na parte mais elevada da colina, ao S. Aljezur é tida como o sítio mais insalubre do Algarve (febres intermitentes).
A 6 km. de Aljezur as praias do Monte Clérigo e da Pipa; a 7 km. a da Arrifana, ou da Fortaleza."
E algumas páginas mais adiante (pp. 320):
"Ao N. da Ponta da Carrapateira estende-se a vasta praia desse nome. "Passada a praia, eleva-se outra vez a terra até a Arrifana. A enseada da Arrifana fica entre duas pontas: ao N. a da Arrifana; perto da ponta S. a Pedra da Anixa. Ao N. da Ponta da Arrifana a foz da ribeira de Aljezur, e ainda a N. a de Odesseixe. A costa é por ali tão alcantilada e o mar tão encapelado que nem os pescadores lhe podem chegar. Os pobres habitantes destes sítios, com muito risco de vida, pescam algum peixe para seu mesquinho sustento e apanham os perseves que por estas rochas desde o cabo se criam. Nestas também se encontram grandes mexilhões. Há grandes furnas por esta costa."
domingo, março 20, 2011
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