Muito falavam os antigos deste livro que glorificava a sua terra, coisa pouco vista, fosse na imprensa escrita ou, mais difícil ainda, na rádio telefonia, e sem quaisquer referências nos ficheiros das Bertrands, Portugais ou Sás da Costa, as mais conhecidas da grande cidade.
Por mero acaso, há uns dez ou quinze anos, na cavaqueira com a Zulmirinha (quem a conheceu seguramente lhe reconheceria um grande orgulho na sua terra e um profundo conhecimento da história da vila, sobretudo da contemporânea), vem à baila o livrinho.
A tia Zulmira levantou e, após uma curta espera, regressou trazendo nas mãos um velho exemplar desta obra. Com um sorrizinho orgulhoso colocou o livro sobre a mesa, à minha frente, sublinhando o seu gesto com um “Querias vê-lo, aqui o tens!”
Folheei-o apaixonadamente e com todo o cuidado, pois estava a desfazer-se, enquanto a tia Zulmira recitava, de cor, um dos hinos de louvor
“Aos Homens da minha terra”
“Aljezur, de fidalgas e nobres tradições,
Tem tido filhos dilectos bem ilustrados
Como os Sintras, os Marreiros, os Furtados,
Os Mendonças, os Correias e os Serrões.
E os Duartes, também nas suas funções.
Teem desempenhado bem os seus mandados
Pois todos se guiam p’los seus antepassados,
Homens impolutos de firmes convicções.
Os tempos são outros, outro é o caminho
Aos homens de Aljezur, porque o destino
Também vai caminhando p’ras realidades.
Lembrai-vos conterrâneos que chegou a hora
De vermos ressurgir uma nova aurora,
Ao nosso torrão natal, com prosperidades!”
clamando com o ênfase que a chave-d’ouro impunha, e soltando uma lagriminha de nostalgia pelos tempos em que ela o fizera nas récitas da sua juventude.
Pois do livrinho se fizeram as cópias que agora permitem recordá-lo, já que destas publicações tão antigas (1938) e em número reduzido, não nos “garante” a Pitonisa reedições.
Com a devida vénia ao seu autor, Manuel Garcia, serão publicados n‘O Barlaventino alguns excertos d’ [este livrinho, de propaganda de Aljezur], como ele próprio o classificou.
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