Num velho baú da arrecadação da Casa Grande, dando voltas a coisas antigas, passou-me pelas mãos uma bolsinha de pano-cru que continha um manuscrito amarelado e ressequido, dobrado e redobrado.
Quase a desfazer-se ainda permitiu perceber a caligrafia antiga, certa, em linhas traçadas à régua, como era costume naquele tempo. Podiam ler-se quase todas as palavras. O nome de Francisco Inácio escrito numa das margens do papel, parecia querer identificar o autor do texto, ou o copista, assim como a data de 24 de Junho de 1844.
Já não era o primeiro texto de Francisco Inácio que eu encontrava naquelas velharias, pelo que já me tinha familiarizado com a sua caligrafia e também com a forma como ele exprimia a sua visão da História, temperando-a em prosas a seu jeito. Tratava-se um antigo oficial da Marinha de Guerra que se recolhera a Aljezur depois de aposentado. Homem de cultura, foi muito admirado na sua época pelos serões que promovia na sua Casa Grande, e também por ter ensinado a ler e escrever toda a sua criadagem.
Desta vez, o texto reproduzia a Lenda da Conquista de Aljezur aos mouros, também conhecida pela Lenda da Moura de Mariares, que adaptei (nas partes de mais difícil percepção) e passo a transcrever, para que conste...
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