domingo, março 04, 2012

Al-Mu'tamid

Oh! Que pena poeta não ser... Como hei-de superar esta incapacidade para pôr por escrito o que por dentro sinto? Não me ajudam as mãos nos gestos necessários, nem os vocabulários me apontam as palavras a usar...
Embora não sendo poeta, não é por isso que amo menos a poesia. Decidi pedir "emprestado" alguns versos que aqui continuo a partilhar convosco, passeantes deste espaço.

Trago hoje a memória daquele que, no entender de Adalberto Alves citando Nykl em "O Meu Coração É Árabe", foi o mais notável dos poetas hispano-árabes: Al-Mu'tamid, o rei-poeta que morreu traído e desterrado em Aghmat, Marrocos. Da sua obra, que inclui o seu próprio Epitáfio, aqui fica o registo dum dos poemas de amor, sem título:  
                            
                                 ó minha única eleita
de entre toda a humanidade:
estrela! lua a brilhar!
haste erguida e escorreita
gazelita no olhar.
da flor tu és o alento
és a brisa perfumada,
minha dona, meu sustento,
e grilheta bem-amada.
cego ficaria e surdo
para que fosses resgatada.
chama-me! eu logo acudo.
diz-me! será curada
a ardência do meu coração
com o fresco toque dos dentes
que na tua boca estão?

in
"O Meu Coração é Árabe" de Adalberto Alves

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